Gary Hamel & P.K. Prahalad (1999)
Para existir vantagem competitiva é necessário antes de tudo existir intenção estratégica. Esta é definida pela diferença entre as capacidades e os recursos disponíveis de uma organização num dado momento e as suas aspirações relativamente à construção do futuro.
Segundo Gary Hamel & C.K. Prahalad (1999) essa intenção é um factor fundamental na construção de uma vantagem competitiva. Como tal, deve ser tida em conta e, se possível, explorada em todas as organizações públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos.
Por exemplo, consideremos duas organizações completamente diferentes. Uma tem um património cultural de enorme significado, recursos humanos, uma tecnologia superior, uma boa situação económica e financeira. No entanto, apesar destas condições favoráveis, tem uma estratégia que passa simplesmente por se manter numa situação de liderança em relação aos concorrentes.
Outra organização, muito mais pequena, com poucos meios e recursos, instalações exíguas e sem verba para I&D, tem, no entanto, uma enorme capacidade de idealização e de sonho que contraria a sua fraca situação no sector e estimula-a a superar aquelas que o lideram. A primeira organização pode ser caracterizada como sendo rica de recursos e pobre em aspirações, a segunda, pelo contrário, é pobre em recursos e rica em aspirações, quer dizer que ganha vantagem competitiva através de uma boa intenção estratégica.
Ainda segundo os autores referidos, a intenção estratégica de uma organização consubstancia a capacidade de sonho e criação, através da sustentação de uma posição competitiva a longo prazo. Para o efeito, é necessário transmitir às organizações:
• Um sentido de direcção – As pessoas têm de saber para onde vai a organização. Se não, preocupam-se, exclusivamente, com o curto prazo;
• Um sentido de descoberta – As pessoas têm de ter a oportunidade de dar azo à sua curiosidade e capacidade criativa.
Sem intenção estratégica as organizações transformam-se a prazo nuns monstros ingeríeis que acabarão por se desmoronar por elas próprias, ou porque a sociedade deixou de ter vontade de as sustentar. A guerra do Vietname acabou com a máquina de guerra americana a esboroar-se e os generais americanos a fugirem que nem ratos do terreno, porque perdeu essa capacidade de idealização do futuro que a intenção estratégica possibilita.
General Americano
De visita a Hanoi, um general americano perguntou a um dirigente vietnamita como é que o Vietname tinha conseguido deslocar homens e material para o sul, atravessando rios, apesar da aviação americana ter bombardeado as pontes. A resposta foi a de que, após o bombardeamento das primeiras pontes, passaram a construía-las ligeiramente abaixo da linha de água, pelo que muito embora pudessem ser atravessadas por homens e material, não eram vistas do ar, não podendo, por isso, ser bombardeadas pela força aérea americana.
O general americano deu por si a pensar se o problema fosse ao contrário como é que o exército mais poderoso do mundo reagiria. Claro que chegou à conclusão que reagiria à bruta. Construía pontes mais fortes, montava sistemas de defesa sofisticados, mobilizava recursos e homens em quantidades indetermináveis e, finalmente, acabaria por não resolver o problema. Quer isto dizer que, não é suficiente ter recursos em quantidades astronómicas, é necessário mobilizar a capacidade de sonho e criação das pessoas.
In: “Competing for the Future”, Gary Hamel & P.K. Prahalad (1999)
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